Origem dos MANGÁS

16:56 / Postado por |||Dunha||| /

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Se aprendemos que como bons cidadões devemos conhecer a história de onde vivemos, acho que como bons otakus devemos também conhecer a história de nossa tão adorada arte. E para ajudar os que não conhecem, nesse texto irei mostrar a origem do mangá. É possível notar que o mangá inicia-se séculos atrás e que com o tempo vai ganhado o formato no qual o conhecemos hoje.

Os antepassados do mangá seriam os Chöjügigai (que significa imagens humorísticas de animais), estes foram instituídos pelos monges no século XI e tratava-se de um compêndio com cenas humorísticas feitas com pequenos animais desenhadas em superfícies de madeira e depois estampados em papiros (como na xilogravura) e que passariam depois a ser denominados de E-Makimono.

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No período Edo as denominações desta arte sequencial japonesa variaram quando os japoneses desenvolveram novos suportes gráficos e aprimoraram suas técnicas. Inicialmente, a maior parte das gravuras era de temáticas religiosas, como os zenga (”imagens zen”), indicadas para ajudar a meditação; e os otsu-e (que tinham esse nome por serem vendidas na cidade de Otsu), que eram pequenos amuletos budistas, portáteis. No mesmo período, porém pouco mais tarde, foram criados os nanban, biombos que retratavam de forma caricata a chegada dos europeus ao Japão. E finalmente os ukiyo-e (”imagens do mundo flutuantes”), que eram gravuras feitas a partir de pranchas de madeira, geralmente de temática cômica e algumas vezes erótica, estes eram o tipo mais apreciado pelas classes mais populares.

Desses estilos, o ukiyo-e fora o mais próximo do mangá, isso se deve a Katsushita Hokusai (1760-1849), um dos artistas mais célebres de ukiyo-e, que lança em 1814 uma edição do que ele chamou de Hokusai Manga, algo como “Desenhos (ga) Involuntários (man) de Hokusai”. O mangá no Japão passou então não só a denominar a arte sequencial (histórias em quadrinhos), mas também caricatura, e todos os tipos de humor gráfico, assim como os mais variados tipos de ilustrações cômicas. Mesmo tendo de esperar até a segunda década do século 20 para que o termo mangá fosse consolidado, Hokusai não poderia imaginar que a palavra por ele inventada abriria caminho, a partir da referida década, a uma das mais prósperas e gigantescas indústrias do país. E assim nascera o termo mangá, mas ainda estava longe de ser como é hoje, ainda tendo que passar por certas transformações estáticas e industriais.

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Contemporâneos dos ukiyo-e foram os Toba-e (”imagens ao estilo de Toba”), assim batizados em homenagem ao criador dos Chöjügigai, que consistiam em estampas satíricas recopiladas em pequenos livros, e os kibyüshi (”livros de capa amarela”), semelhantes aos anteriores, mas que ofereciam histórias contínuas em lugar de imagens isoladas, o que os transformava em um antecedente dos gibis. Ambos os produtos eram fabricados em série, sendo impressos em chapas de madeira, o que de certo modo precedia a produção em massa da atual indústria do mangá.

Na década de 1920 as editoras de mangá no Japão começaram então a se desenvolver passando por um auge até a década de 40, mas com a segunda guerra mundial tal produção fora interrompida e sê voltara após 1945. Nessa época havia poucas alternativas para atrações culturais, pois a guerra destruíra a maioria dos lugares destinados é cultura e ao ensino de artes, aproveitando-se disso as editoras de mangá que retornaram viveram um de seus maiores booms.

Até então os mangás já existiam e faziam parte da tradição popular japonesa, mas logo em seguida o mangá ainda iria sofrer uma de suas principais evoluções. Se podemos dizer que Katsushita Hokusai foi quem batizou o mangá então Osamu Tezuka (1928-1989) foi quem deu ao mangá sua atual e popular roupagem, tornando-o como conhecemos hoje.

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Sob ocupação americana no Japão após a segunda guerra mundial, os mangakas, como os desenhistas são conhecidos, sofreram grande influência das histórias em quadrinhos e cultura ocidentais da época, traduzidas e difundidas em grande quantidade na imprensa cotidiana. E é ai que surge Osamu Tezuka, influenciado por Walt Disney, Tezuka colocou nos mangás as características faciais semelhantes aos dos desenhos de Disney onde olhos, boca, sobrancelhas e nariz são desenhados de maneira bastante exagerada para aumentar a expressividade dos personagens, o que tornou sua prolífica produção possível. É ele quem introduz com exatidão os movimentos nas histórias através de efeitos graficos, como linhas que dão a impressão de velocidade ou onomatopéias que se integram com a arte, destacando todas as ações que comportassem movimento, mas também, e acima de tudo, pela alternância de planos e de enquadramentos como os usados no cinema, com isso as histórias ficaram mais longas e começaram a ser divididas em capítulos.

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Entre outros, Tezuka criou A Princesa e o Cavaleiro (ou princesa Safiri, ou Ribon No Kishi), o Astro Boy e Kimba. Atualmente ele é considerado por muitos como sendo o “pai do mangá moderno”.

Assim, os mangás cresceram simultaneamente com seus leitores e diversificaram-se segundo o gosto de um público cada vez mais importante, tornando-se aceitos culturalmente. A edição de mangás representa hoje mais de um terão da tiragem e mais de um quarto dos rendimentos do mercado editorial em seu país de origem. Tornaram-se um verdadeiro fenômeno ao alcançar todas as classes sociais e todas as gerações graças ao seu preço baixo e a diversificação de seus temas. De fato, como espelho social, abordam todos os temas imagináveis: a vida escolar, a do trabalhador, os esportes, o amor, a guerra, o medo, séries tiradas da literatura japonesa e chinesa, a economia e as finanças, a história do Japão, a culinária e mesmo manuais de “como fazer”, revelando assim suas funções pedagógicas. Enquanto no Brasil os quadrinhos são vistos como mero entretenimento infanto-juvenil, no Japão os mangás são uma indústria de entretenimento tão forte como o cinema o para os EUA.

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